Isolados e cercados

No último fim de semana 26 e 27 aconteceu mais uma edição da virada cultural, várias atrações espalhadas pelo centro e pá. Mais uma coisa me chamou atenção desde o momento em que vi a programação, esse ano separam por estilo músical, já estranhei.
Quando estava eu e meu mano Rogerinho chegando passamos por onde tava rolando som eletrônico, já era quase meia noite, tava cheio já. Várias pessoas, várias garrafas, vários cigarros e etc. Vimos num canto da rua um Corsinha com suas sirenes ligadas e apenas um policial conversando e rindo com as pessoas que estavam ao seu redor. Até ai firmeza.
Continuamos a caminho da nossa festa que era o baile chique, passamos pela outra festa que era um reggae, tava da hora, dai pegamos o mapa e demos uma olhada onde estava nossa festa, lá no fundão longe de todas as outras, até pensamos que estavamos indo pro lugar errado, tudo deserto.
Mais ai avistamos um pessoal e seguimos o caminho, após atravessar uma avenida entramos numa viela escura, passando a viela chegamos a uma ponte, de cara uma tático com mais três PM e logo depois outra viela, escura também, trombamos a rapaziada do Pacto Sul e os manos já ligaram que o báguio tava moiádo, não tava podendo entrar com nada de bebida, uma amiga me disse que não pôde entrar com uma garrafinha de água. Seguimos adiante e de repente a cena: vários cavalos da PM e duas filas, uma pros homens e outra pras mulheres, e fiquei puto mano...
tava revistando todo mundo, os coxinha na mó ignorância na fila, encarando, medindo, mó falta de educação, isso é típico deles quando se trata da gente.
Lá dentro tava da hora, o foda era o monte de polícia e segurança particular por todos os lados, você saia do banheiro tinha um olhando pra sua cara, os caras tava na mó maldade só esperando uma brecha qualquer pra entrar em ação e fazer o que eles sabem de melhor, reprimir.
Daí rolou o show do DMN que abriram com racistas otários, muito adequado pra situação, depois o Dj Hum rolou umas pedradas e depois veio o show que a rapa tava aguardando, a banda Black Rio é anunciada e começa um show louco, tocando demais, e entre uma música e outra a rapa gritava que queria ouvir a música Mente do vilão que conta com a participação de Mano Brown, Pixote e Du Bronks. Ai os caras da banda vai e fala que a participação dos caras foi censurada, graças a campanha feita na semana pela emissora do Bispo Macedo, que passou duas vezes as cenas do show do ano passado, dizendo que os fãs dos racionais foram os responsáveis por tudo.
Ai, ontem ouvindo o Balanço Rap, o que foi falado pelo Ice Blue é que houve uma notificação da proibição da participação dos caras no show, e que se fosse contecer a participação o evento seria adiado, isso só confirmou os pensamentos do dia anterior.
Isolaram a festa de Rap, falaram que tinha 3 mil policiais na virada, então quase metade tava lá,
trataram com desrespeito as pessoas que foram assistir e ainda censuram a participação dos rappers. Esse é o país democrático em que vivemos, quem incomoda é calado, e pros que pensam que hoje o Rap já é respeitado, que não existe preconceito só porque tem um filme na tv, um salão aqui e ali e de vez enquando uma aparição na TV, esse episódio mostra que o preconceito ainda é o mesmo e que falta muito...pensei isso quando ouvi o DMN cantando racistas otários que é uma música de milianos e vi que a coisa continua igual.
Mais apesar de tudo isso, a festa ocorreu de boa, no mó respeito, na mó educação mostrando que sabemos curtir nossa festa sem confusão.

SJ