31 de jan. de 2007

Por mim tem quer ser eu mesmo

Num Domingo ensolarado, daqueles bonitos mesmo sabe, meu único Domingo de folga em 30 dias do mês, fica mais belo ainda.
Paro um pouco, penso o que quero: “Porra mano, queria ser artista ta ligado... mais não tipo aqueles fantoches maquiados e artificiais que aparecem na TV, esses pra mim são só uns comêdia, só massa.”.
Mais sim daqueles que faz algo quando não útil que seja ao menos belo e digno de contemplação, já que sei pintar e fazer umas paradinha com madeira, faço umas pulseiras loucas também, todo mudo elogia, tipo esses baratos entendeu.
Mas à hora passou e o Domingo estava chegando ao fim, tenho que dormir se não como vou levantar cedo, antes do Sol já tenho que estar de pé de novo. Apaguei.
De repente depois de todas aquelas paradas conturbadas em um empurra-empurra em todos os pontos, chego no trampo, e pensar que já estou de pé há umas quatro horas quase, né foda.
Meu trabalho, é mais um subemprego qualquer que me propícia uma pseudo-vida e a essas alturas tanto faz já que nenhum tem nada a ver com o que eu goste ou saiba fazer, mais falam que o importante é estar empregado né, minha mão sempre fala, minha mina fala e até o meu professor! Então deve ser verdade né...
Mais e o que eu quero, pensei, esse não sou eu, me tornei só mais um conformado.
De repente algo corta meus pensamentos, foi mais um comentário daqueles que só um bom patrão sem noção nenhuma da vida além da sua pode fazer, você já deve ter ouvido um... num guentei e soltei o verbo, disse tudo o que queria e fui embora, daí pensei: “Porra, perdi o trampo, to fudido.”
No caminho em meio a essas neuroses e outras que a rua me causa trombei com um cara que sabia fazer tudo que eu sabia, era igualzinho, com madeira, uns desenhos e até as pulseiras, liga esses baratos de artesanato e tal que eu curtia, então parei um pouco e bolamos algumas idéias, então ele me contou que até conseguia viver fazendo aquilo que gostava, não ganhava tanto dinheiro como diziam que ele precisava sua mãe, sua mina e até seu professor, mais que aquilo o enchia de satisfação ao ver pessoas usando aquilo ao qual ele se dedicou e fez com as próprias mãos, isso, não havia dinheiro que pagasse, e disse que tudo começou em um dia que ele cansou do seu subemprego que lhe dava só uma pseudo-vida e um patrão que não entendia que além de trabalhador antes de tudo era um homem dotado de vontades e desejos.
De repente o relógio desperta, quatro da manhã, já é hora de levantar, em meio a toda a rotina de sempre, ônibus, confusão, muvuca, patrão, fiquei o dia inteiro tentando me lembrar do rosto do carinha do artesanato que me deu aquela idéia no meu sonha da noite passada, mais não consegui, aos poucos na imagem disforme que eu tinha do rosto dele desenhei a minha face, eis que se abriu naquele dia uma nova possibilidade.
“Porra, a situação está como está mais está em minhas mãos dar o primeiro passo, por que não largo o que me prende e faço realmente aquilo que quero, o que me impede é somente eu mesmo e as idéias que essa sociedade impregnou em mim todo esse tempo, pode não ser fácil sei disso, mais possível eu sei que é, por mim só eu mesmo.”

SJ

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